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Gêmeas nascem com cordões umbilicais entrelaçados


No último dia 9 de julho, a australiana Kate Lucas resolveu compartilhar a incrível história de suas gêmeas caçulas em uma rede social. Há oito anos, ela foi surpreendida com uma notícia intrigante: estava grávida de gêmeos monocoriônicos e monoamnióticos. Kate, que já era mãe de uma menina de 13 anos, fruto de seu primeiro casamento, e de um garoto de três anos, ficou, primeiramente, espantada com a notícia de que seria mãe de dois bebês. Depois, contudo, junto com alegria, ela e o marido ficaram preocupados: “Não tínhamos certeza se deveríamos nos alegrar ou chorar”, disse em depoimento ao site Miracle Babies Foundation.​

A dúvida de Kate se deu por uma razão: gêmeos monocoriônicos e monoamnióticos são raros, a incidência corresponde a 1% das gestações de gemelares, e a mortalidade fetal pode acontecer em até metade dos casos, sendo que a principal causa é o entrelaçamento de cordões.

De acordo com o diretor da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP), Dr. Carlos Alberto Politano, a gestação de gêmeos monocoriônicos e monoamnióticos se caracteriza pelo fato de dois gêmeos idênticos compartilharem a mesma placenta e a mesma membrana amniótica e ocorre quando a divisão de células do ovo acontece entre o 9º e o 12º dia após a fertilização. Se a divisão celular acontecer, por exemplo, no 13º dia, haverá a ocorrência de gêmeos siameses, informa o médico.

Para uma gestação bem-sucedida é indicado, além do diagnóstico precoce, iniciar a vigilância fetal o quanto antes. A observação deve ser mais intensa do que na gestação comum de gêmeos. “A gestação monocoriônica e monoamniótica é a mais grave entre as gestações de gêmeos, inspirando muito mais cuidados. O pré-natal deve ser diferenciado, com acompanhamento mais frequente”, explica Politano.

No caso de Kate, com 24 semanas passaram a ser realizados ultrassons semanais. Na 28ª semana, ela foi internada no hospital para monitoramento diário, e na 32ª semana, de parto cesárea (o parto normal não era indicado por conta do entrelaçamento de cordões), chegaram ao mundo Harper e Cleo, com 1,9 kg e 1,5 kg, respectivamente. As meninas ficaram um longo período na UTI neonatal, dias descritos como desgastantes, mas felizes pela australiana. “A experiência em uma UTI neonatal dificilmente pode ser descrita. É um passeio de montanha-russa desgastante, cheio de culpa e preocupação. Mas, para nós, foi um estranho alívio vê-las no berço com seus monitores e tubos! Para nós era o melhor resultado possível para uma gravidez tão traiçoeira.”

Segundo Kate, quando sobrevivem, gêmeos monocoriônicos e monoamnióticos são conhecidos por serem mais próximos dos que os outros gêmeos, devido ao intenso contato físico desde a concepção. Com Harper e Cleo, hoje com quase 8 anos, não é diferente, “elas fazem tudo juntas e são as melhores amigas”, finaliza a mãe.


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